domingo, 3 de junho de 2012

Caminho da Gurita

Caminho da Gurita, 4km de extensão, e uma das três trilhas mais populares da Lagoa do Peri (junto ao Caminho do Saquinho e Caminho da Restinga). Sábado, dia 2 de junho, e ventava muito! As lufadas varriam as águas quase inalteráveis daquele mar de tranquilidade como se estivessem num pires. O sábado amanheceu claro, ensolarado e ventoso. Só restava uma coisa a fazer: meter-se no meio do mato, de preferência com os amigos do Fazendo Trilhas.

O Parque da Lagoa do Peri, que é a segunda maior lagoa de Florianópolis, é dividido em três zonas: paisagem cultural, área verde de lazer e restinga biológica. Contornando em direção ao sul da Lagoa, embrenha-se por uma vegetação que flerta com a restinga, a Mata Atlântica e outras formações. Os morros que a cercam têm em torno de 300 metros. O caminho traz arbustos, árvores mais baixas e depois até mesmo coníferas que vestem o solo com um manto de finíssimas folhas secas.

Diferentes tons de verde se exibem. Mas há outras cores também. E o vento não para, insistente, gelado, agressivo. Intromete-se pelas mangas, despenteia as mulheres, arrasta a preguiça e os pensamentos ruins. O visual fica mais lindo a cada passo.

Maior manancial de água potável de Florianópolis, a área total da Lagoa é de 5,2 km². Acostumada a abastecer de água o sul da Ilha, o lugar também serve de berçário para diversas espécies de peixes, aves e pequenos animais (são 11 metros de profundidade máxima). Contam os mais observadores que nela também mora uma família de jacarés-do-papo-amarelo. Verdade verdadeira.

No entorno, o Parque Municipal da Lagoa do Peri, razoavelmente conservado em seus 23 km², com placas indicativas e caminhos abertos até os trechos mais habitáveis... no percurso, nos deparamos com casas construídas antes da criação do próprio Parque, em 1981. Os nativos convivem com a rotina tranquila do local, morando relativamente isolados.

"Mas que florzinha bonitinha"... "Não é flor, é uma batata", sentencia o trilheiro Willians Amâncio. Nascendo em pedra, é a primeira vez que vejo!

A floresta predominante nessa localidade é chamada Ombrófila Densa, muito verde, composta por bromélias, samambaias e árvores com média de 40 metros de altura. Em uma certa altura do trajeto, chama atenção a quantidade de pinheiros plantados no local, pois são árvores não nativas. No ponto da foto, estamos próximos da tão esperada cachoeira, nosso objetivo de caminhada.


Em 1976, a Lagoa do Peri foi tombada como Patrimônio Natural. No caminho, além das belezas da natureza há história, como um velho engenho (ou o que sobrou dele) de farinha e cana-de-açúcar perdido no meio da mata. Restaram apenas ruínas e paredes desfiguradas, consumidas por raízes e mato.

Em pleno outono, a Cachoeira da Gurita apresenta um volume de água bem menor, revelando pedras que antes ficavam submersas. São pequenas quedas que garantem um murmurinho relaxante. Cristalina e gelada, a água escapa pelas beiradas e desce sem pressa. Trilheiros mais corajosos se arriscam em mergulhos, enquanto que outros mergulham em seus sanduíches. Por lá, o tempo para. O banho dura mais, e a sensação de calma, também.


Resguardada no meio da mata, a cachoeira reina sem ventos. Bromélias observam os banhistas do alto das árvores. Borboletas atravessam o céu. Quase tudo é tranquilidade... cuidado! "Não sigam rio acima, sinto cheiro de perigo", alguém grita. Precavida, a turma não se arrisca. Afinal, pode haver anacondas... ou piraaaaaaanhaaaaassss... hehehe


Mais um dia muito revigorante interagindo com a natureza. Na volta, todos andando em fila indiana e a 100 por hora, pois a fome apertou. No almoço, rolou um feijão (com minúsculos pedaços de bacon, fato que desagradou alguns trilheiros), uma anchova grelhada (bem vinda por todos!) e omeletes espertos e rechonchudos. Dia maravilhoso ao lado de pessoas muito especiais.