Existe uma lenda que ajuda a
explicar o nome do lugar. Quem por ali passa, acaba ouvindo e aceitando, pois a
história tem a sua graça. Recheada de cenários escandalosamente lindos, a
Guarda do Embaú é um dos pontinhos no mapa que qualquer pessoa precisa conhecer
algum dia. Paraíso para surfistas, hippies, naturebas e todo o tipo de gente
boa, a Guarda atrai quem ama a natureza, quem gosta de boa gastronomia e quem
se deleita com mar e sol. Mas e a lenda?, conta aí! Ah, é...
Dizem que há muito tempo atrás, fugindo
dos seus perseguidores uns aventureiros esconderam naquela região um tesouro.
Mas toda aquela riqueza precisava ser enterrada, e por isso guardaram-na numa
grande arca. Incógnito e nunca encontrado, o tal tesouro ficara guardado em
baú. De boca em boca, a expressão foi desprendendo as sílabas até formar uma
nova expressão, batizando a charmosa praia que pertence ao município de
Palhoça, na Grande Florianópolis.
Feita de areia, mas também de
lendas, a Guarda do Embaú é boa para quem se atreve nas ondas, mas ótima também
para quem se embrenha em trilhas. Foi justamente isso que conferimos no último
domingo, junto a um grupo de trinta aventureiros do legendário Fazendo Trilhas.
O céu escancarado de nuvens, o sol intenso e um arzinho gelado de manhã de outono
não deu trégua nem mesmo para os preguiçosos. Deixar de seguir aquele caminho
era impensável...
O destino foi a Praia da
Pinheira, atravessando o Vale da
Utopia, cruzando pastos caprichosamente aparados por hordas de bovinos. Mas
havia ainda os costões, a pedra que permitia ver muito mais além, e a esplanada
que nos deixava acenar para quem estava no extremo sul da Ilha de Santa
Catarina. Olha lá a Ponta do Papagaio, a Pedra do Frade, o Farol de
Naufragados!!!
Na areia branquinha, o siri
amarelo corria de lado, olhando desconfiado para cima: gavião faminto planava
lambendo os beiços. Nos trechos cobertos de mata, quem se fartava eram os
mosquitos que chegavam a picar por cima da roupa, usando brocas de grosso
calibre. Desinteressados, os nativos selvagens davam de ombros, e nós fomos
adiante. Afinal, como diz a lenda, quem faz o caminho é o caminhante. Nosso
percurso foi feito à base de sorriso e suor, pegadas, piadas e risadas.
Horas depois, por volta das quatro da tarde, chegamos
famintos e vitoriosos ao nosso destino: a Pinheira. Mais especificamente, o
restaurante da praia que nos aguardava com um banquete de comida tipicamente
caseira. Parecíamos uma lendária nuvem de gafanhotos atacando arroz, feijão,
saladas, pirão, carnes, batatas, peixes... Que nada! Estávamos só desfrutando o
dia, o sol, a vida. Apesar de termos buscado em cada centímetro quadrado da
Guarda, não encontramos nenhum tesouro em nossa caminhada. Também pudera! A
riqueza estava em volta daquela mesa do restaurante, fazendo algazarra, gargalhando
e esperando por mais um final de semana. Tesouro mesmo é a amizade...